Os últimos dias apontam um aprofundamento da crise e das lutas em todo o continente europeu. O fantasma da recessão atinge a economia de alguns dos principais países da zona do Euro e se aprofunda nas economias periféricas dentro do próprio continente.
Em Portugal, dezenas de milhares de pessoas marcharam em Lisboa e no Porto, neste sábado, 01° de outubro, contra as medidas arrocho impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia. São os primeiros protestos de peso desde que um governo de centro-direita assumiu o poder em Portugal em junho.
As manifestações em Lisboa e Porto foram convocadas pela CGTP. Os trabalhadores aprovaram uma semana de greve entre 20 e 27 de outubro, incluindo setores públicos e privados contra "a destruição dos direitos laborais e sociais, contra o empobrecimento e as injustiças e pelo emprego, salários, pensões e direitos sociais".
Portugal é o dos mais da zona do Euro mais afetados pela crise. O país é governado pelo Partido Socialista Português, que enfrenta um grande desgaste pelos planos de ajuste econômico. Em Lisboa, os protestos teriam reunido 120 mil pessoas. No Porto, uma marcha contou entre 50 a 60 mil pessoas.
Hungria
Na Hungria, o sábado também foi de protesto. Pelo menos 50 mil pessoa saíram as ruas na capital do país, Budapeste, contra os planos de ajuste. O ato foi convocado pela Confederação Húngara de Sindicatos e por ONGs. Neste segunda-feira, estava previsto ações por outras partes do país. Os manifestantes exibiram cartazes onde se podiam ler palavras de ordem como “Basta já”, “Estamos a viver cada vez pior” ou “Queremos um sistema fiscal justo”.
Grécia
Apesar de dois planos de “ajuste” impostos pelo FMI e aprovados no parlamento, o governo grego reconheceu que o país não atingirá as metas de déficit orçamentário em 2011 e nos próximos anos. O temor de quebra total do país assombra as economias da zona do Euro, especialmente os bancos franceses e alemães, que são os maiores detentores da dívida da Grécia.
Um novo plano de “austeridade” (novo pomposo que estão dando ao arrocho) inclui a redução dos salários de servidores públicos em até 25%.
Vários protestos contra a nova medida foram convocados pela Confederação de Sindicatos de Funcionários Públicos (Adedy). Grupos de trabalhadores chegaram a bloquear a entrada de alguns ministérios.
No Ministério das Finanças, por exemplo, assessores técnicos da UE (União Europeia), do BCE (Banco Central Europeu) e do FMI (Fundo Monetário Internacional) --que estão em Atenas para analisar as medidas de austeridade adotadas pelo país-- foram impedidos de entrar no prédio.
Nesta segunda-feira, o Banco Central Europeu anunciou que está recomprando títulos das dívidas públicas da Itália e da Espanha, os dois países que têm hoje maior risco de precisar da ajuda de seus parceiros do euro. A medida é uma reação ao pessimismo que a crise da Grécia voltou a causar no mercado financeiro.
Indignados
No dia 15 de outubro (15-O), a partir de um chamado dos “Indignados” espanhóis, esperam-se uma jornada de lutas com grandes atos mundiais contra a crise e todos os seus reflexos: desemprego, miséria, xenofobia, perda de direitos, precarização dos serviços públicos... Inspirados nas praças Tahir (Egito) e Puerta del Sol (Espanha), espera-se um dia de ocupações de praças em todo o mundo.
Estão previstos atos de protestos em vários locais onde em 2011 estão ocorrendo lutas radicalizadas dos trabalhadores e da juventude: Espanha, Portugal, Itália, Grécia, Israel, Estados Unidos, Chile, Egito... No Brasil, estão previstos atos em várias partes do país.