Por Alex Rodrigues*
A
Justiça Federal em Altamira (PA) decidiu acatar denúncia do Ministério Público
Federal (MPF) contra seis pessoas acusadas de envolvimento com suposto esquema
de exploração sexual de mulheres e adolescentes na região das obras da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, estado do Pará.
O
procedimento para apurar as denúncias decorrentes de duas operações policiais
contra a exploração sexual, deflagradas no dia 13 de fevereiro, foi instaurada
na última sexta-feira (22), a pedido do MPF. A denúncia foi recebida pelo juiz
federal Marcelo Honorato.
Segundo
a denúncia do MPF, Claci de Fátima Morais da Silva, Adão Rodrigues, Solide
Fátima Triques, Moacir Chaves, Carlos Fabrício Pinheiro e Adriano Cansan tinham
ligações com a Boate Xingu, que funcionava próxima a um dos três canteiros de
obras da usina. Ainda de acordo com o MPF, Claci era a dona de uma boate em
Santa Catarina onde, com o apoio de Moacir Chaves, aliciava mulheres com a
promessa de que elas ganhariam até R$ 1 mil por dia trabalhando na barragem.
As
vítimas do esquema eram então levadas de van para Altamira, uma viagem de cerca
de 4 mil quilômetros. Ao chegarem na Boate Xingu, eram recebidas pelo acusado
Adão Rodrigues, que é apontado na denúncia como proprietário do estabelecimento
e mentor do grupo criminoso, e pela mulher dele, Solide Fátima Triques. As
jovens eram então acomodadas em quartos precários, alguns com trancas do lado
de fora. Pinheiro, gerente da boate, e Cansan, que atuava como garçom e
segurança, eram os responsáveis por vigiá-las e impedir que deixassem o local.
Durante
as duas operações policiais, 15 mulheres e uma travesti provenientes de outros
estados foram encontradas em condições que indicavam serem vítimas de
exploração sexual. A ação policial teve início depois que uma menor de idade
conseguiu fugir de uma boate da região e denunciou que vinha sendo mantida em
cárcere privado e obrigada a se prostituir. A garota foi incluída no Programa
de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte.
“Ela
[a menor] relatou que era mantida presa e que veio do Rio Grande do Sul com a
promessa de trabalho bem remunerado. Após chegar à cidade, foi ameaçada,
agredida e obrigada a se prostituir”, informou, na ocasião, o coordenador da
operação, delegado Cristiano Nascimento, revelando a Agência Brasil que as 12
mulheres libertadas durante a segunda operação confirmaram ser obrigadas a se
prostituir por pessoas armadas que as vigiavam.
O
caso chegou a ser conduzido pela Justiça paraense, mas o juiz estadual
responsável declinou da competência, ou seja, abriu mão de julgar o assunto já
que as acusações envolvem indícios de trabalho escravo, crime que compete à
Justiça federal julgar. O MPF instaurou uma investigação separada para apurar a
denúncia de que a exploração sexual ocorria dentro da área declarada de
utilidade pública pelo governo federal para a construção da usina hidrelétrica.
*Fonte: Agência Brasil – EBC - Edição: Denise Griesinger