sexta-feira, 15 de março de 2013

Deputados do PT homenageiam maior grileiro do mundo


Nos final dos anos noventa, Cecílio do Rego Almeida, empreiteiro, ganhou o título de maior grileiro do mundo depois de ser denunciado num esquema em que se apossou de duas “fazendas” na chamada Terra do Meio, no Pará. 

A “Ceciliolândia” tinha quase 6 milhões de hectares e incidia em terras indígenas, unidades de conservação federal, terras públicas federais e estaduais, assentamentos do Incra e até parte de uma base militar, numa área maior do que o estado da Paraíba.

O esquema ganhou as manchetes da imprensa nacional. Cecílio virou capa da revista  Veja (depois de prender os repórteres da revista em sua mansão) e da Caros Amigos, para quem deu longa entrevista sobre seus pontos de vista como a de que Chico Mendes era um "seringueiro que se fudeu", a União Democrática Ruralista (UDR) como entidade "muito frouxa" e a então Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, como uma "indiazinha totalmente analfabeta e doente".

O jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, outro que denunciou Cecílio por meio de seu Jornal Pessoal,  foi recentemente condenado pela justiça por ter chamado o grileiro de “Pirata Fundiário” em 1999. A condenação, confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça, veio depois do falecimento de Cecílio, ocorrido em 2008.

Em 2004, a pedido do Ministério Público Federal, o juiz Fabiano Verli, da vara da justiça federal de Santarém, ordenou que a empresa Incenxil, comprada por Cecílio para a aquisição das das terras, interrompesse qualquer atividade ou ocupação na fazenda Curuá e que o imóvel permanecesse indisponível para venda ou troca’, além de suspender qualquer pagamento de indenização por parte do Ibama, que criara na área a Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio.

Em 2011, o juiz Hugo Gama Filho, da 9ª vara da justiça federal de Belém, mandou cancelar o registro imobiliário da Fazenda Curuá no cartório de Altamira, no Pará. A "fazenda", de nada menos do que 4,77 milhões de hectares, era um dos dois imóveis sobre os quais pesava a acusação de grilagem por parte do Instituto de Terras do Pará, num processo de mais de 15 mil páginas aberto em 1996.

Tamanha ficha de “trabalhos prestados à nação brasileira”, deve está motivando parlamentares petistas a atuarem com tanto afinco para promoverem uma homenagem Cecílio Almeida.

Em matéria vinculada no sítio Viomundo, consta que em 2009, o deputado federal André Vargas (PT-PR) apresentou um projeto de lei (PL 6.167/09) para nomear o trecho da BR-277 entre as cidades de Paranaguá e Curitiba (PR) de Rodovia Cecílio do Rego Almeida.

Na quarta-feira desta semana (13 de março), a homenagem foi aprovada, depois de parecer favorável de outro deputado do PT na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, José Mentor.
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