Por: Lourenço Melo*
A maior dificuldade que o governo enfrenta para a regularização das
terras na Região Amazônica está ligada a procedimentos processuais, de acordo
com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas. Ele afirmou ontem (12 de abril)
que o Programa Terra Legal, aprovado em 2009 para regularizar a ocupação
fundiária na Amazônia Legal, não avançou mais porque não havia metodologia no
Estado brasileiro para tratar o georreferenciamento.
Atualmente, segundo Pepe Vargas, já há metodologia construída e as
empresas contratadas apresentam melhores condições para esse trabalho, que
muitas vezes é dificultado pela ocorrência de chuvas e outros obstáculos
próprios da região. Já passaram pelo trabalho de georreferenciamento 35,5 mil
imóveis, tendo o Ibama detectado entre eles apenas 198 com indícios de
desmatamento.
Falando em audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado
Federal, o ministro não quis estipular metas para a regularização fundiária
realizada pelo Terra Legal, mas alegou que “já se começou a fazer alguma
coisa”. De acordo com ele, durante muitos anos, o Estado brasileiro minimizou
investimentos sociais. “Nessa fase, muitos órgãos federais reduziram sua
estrutura, e com o Incra não foi diferente”.
Pepe Vargas chamou a atenção para o posicionamento já manifestado pela
presidenta Dilma Rousseff de que os novos assentamentos só sejam implantados
quando ofereçam condições mínimas de estrutura para as populações beneficiadas.
Ele opinou que “não se pode fazer assentamento onde as famílias, ao invés de se
desenvolverem, tenham agravada ainda mais a sua situação de miséria”.
No debate que se seguiu ao pronunciamento do ministro, o senador Jayme
Campos (DEM-MT) disse que a maioria dos agricultores assentados no seu estado
vive em situação “muito difícil”. A sugestão dele é de que o Ministério da
Integração Nacional desenvolva um programa de perfuração de poços artesianos
nas áreas de seca da região.
Na questão da implementação do Programa Terra Legal, Jayme Campos criticou
o que chama de “excesso de burocracia para a regularização”. Segundo o senador,
quando o governo regularizar as terras da Amazônia, vai cair índice de
desmatamento, porque o agricultor que for proprietário não vai devastar sua
propriedade.
*Fonte: Agência Brasil – EBC (13 de abril de 2012) - Edição: Davi
Oliveira (Fotografia não incluída na postagem original)
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