segunda-feira, 2 de abril de 2012

Índios recebem ameça de morte em área de obra da usina Teles Pires


Índios das etnias Kayabi, Apiaka e Munduruku, que vivem na área que será utilizada na operação da usina hidrelétrica de Teles Pires l, na região de Alta Floresta (MT), denunciaram nesta segunda-feira que estão sendo alvo de ameaças após liminar da Justiça ter paralisado as obras. Neste fim de semana, lideranças que estavam na cidade foram agredidos verbalmente por operários, e tiveram os motores de dois de seus barcos roubados. Em uma das embarcações foi encontrada uma espingarda calibre 12 com munição - o que foi interpretado pelos índios como uma ameaça de morte.
De acordo com os índios, empresa e imprensa local têm responsabilizado os índios pela perda de empregos e benefícios, atiçando moradores e trabalhadores contra eles. Segundo Jacira Monteiro de Assis Bulhões, do Ministério Publico Federal no Mato Grosso, o MPF tem instruído os indígenas a não circular sozinhos na cidade e a evitarem confrontos. "A maioria deles já voltou para as aldeias, mas ainda assim estamos pedindo que tenham cuidado", afirma Jacira.
Em nota divulgada assim que foi informada sobre a liminar, a Companhia Hidrelétrica Teles Pires (CHTP), que detém a concessão da usina, afirma que a decisão judicial "coloca em risco o emprego de aproximadamente 2.300 trabalhadores (...), a suspensão de outros contratos com fornecedores de bens e serviços, além da interrupção de todos programas ambientais e sociais integrantes do Programa Básico Ambiental - PBA".
Para o Ministério Público Federal, a posição da empresa inverte a lógica dos impactos do empreendimento. "Nem sabemos se o número de trabalhadores da obra é o alegado, mas a questão é que a usina, se construída, vai destruir um local - as corredeiras de Sete Quedas do Teles Pires - que, mais do que a área mais sagrada da cultura espiritual dos Kayabi, é o nascedouro dos peixes que alimentam a população indígena. Serão 15 mil pessoas que perderão sua fonte de alimento e sobrevivência, número bem maior do que os trabalhadores temporários das obras", explica o procurador do MPF no Pará, Felício Pontes, Jr.
Fonte: Agência Globo/Yahoo Notícias
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