Os operários da hidrelétrica de Belo Monte,
tentando fazer valer o seu direito de greve, enfrentam a dura repressão da
polícia. Pela manhã, fazendo uma verdadeira revolução pela base, os
trabalhadores realizaram uma tentativa de paralisação durante o percurso –
feito de ônibus- até o canteiro de obra, porém, a ação foi duramente reprimida
pela polícia. “Nesse momento, nesse grau de tensão e sob muita pressão, esses
operários estão trabalhando”, informou o membro da CSP-Conlutas Atnágoras
Lopes, que esteve presente nesse processo de negociação.
Depois da repressão da polícia a um operário
ontem, houve uma reunião entre a comissão de base, que está sendo auxiliada
pela CSP-Conlutas, e o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada
(Sintrapav). A comissão de trabalhadores reivindicou que o sindicato
organizasse a assembleia para esta manhã, para definir os rumos do movimento
grevista. Entretanto, segundo informações do membro da CSP-Conlutas, o
sindicato se recusou a organizar assembleia. “Eles voltaram ao trabalho pela
pressão da polícia e pela omissão do sindicato em organizar a greve”, reiterou
Lopes.
Uma reunião está marcada hoje (3/04), às 14h entre
o sindicato e a Comissão de Base apoiada pela CSP-Conlutas. “Nós, juntamente
com a comissão de base, estamos indignados e repudiando o tratamento dado pelo
consorcio [Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM)] e, inclusive, pela
convivência do Sintrapav com essa situação. Fazemos um chamado ao sindicato
para fazer unidade, construir a greve e defender a pauta de reivindicação
dos trabalhadores”, finalizou Lopes.
As reivindicações são equiparação salarial, redução
do intervalo da baixada (visita à família, quando são de outras regiões) de
seis para três meses, melhoras na comida e água, o fim do desvio de função,
baixada para ajudantes de produção (cargo mais baixo na hierarquia da obra),
capacitação para funcionários, plano de saúde, aumento do cartão alimentação
(hoje, em cerca de 90 reais), aumento de salário, pagamento de horas extras aos
sábados, transporte digno, a “troca” do sindicato representativo e o direito à
baixada para os trabalhadores que decidirem, por conta própria, morar fora dos
canteiros de obras.
A paralisação começou na última quarta-feira, 28
de março, em um dos canteiros da obra. No mesmo dia, um acidente de trabalhador
levou um operador de motosserra à morte em outro canteiro. No dia seguinte, a
greve atingiu os demais canteiros.
Neste momento quem está representando a Central e
auxiliando os trabalhadores é o membro do Sindicato da Construção Civil de
Belém, Ailson Cunha.
Fonte: CSP-Conlutas