quarta-feira, 4 de abril de 2012

Em Belo Monte, greve continua; nomes de lideranças da greve já estariam em listas de demissões


Por Ruy Sposati*

A greve dos operários dos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte continua pelo sexto dia. Segundo a comissão da greve, a maioria dos trabalhadores permaneceu de braços cruzados nesta terça, 3.

“Calculamos que apenas cerca de 30% dos trabalhadores embarcaram pras obras hoje”, explica o carpinteiro Francinildo Teixeira Farias, membro da comissão da greve.

“Conversamos com companheiros que foram para os canteiros, e nos disseram que estavam bastante vazios. Principalmente o Belo Monte [principal frente de trabalho]“.

“O sentimento de todos os trabalhadores é de revolta. A maioria é a favor da greve, ainda mais depois de como trataram a gente no pagamento“, explica o pedreiro Wanderson Correa, também da comissão. “Eles estão tentando abafar e acabar com a greve de qualquer jeito. Nós não pudemos ir para o embarque porque fomos ameaçados de demissão. No meu caso, colegas de trabalho me disseram que meu nome já está na lista de demitidos”, afirma. A demissão, contudo, não seria por justa causa – ou seja, formalmente, não indicaria perseguição por organizar o movimento.

Para garantir que os cerca de 1,5 mil trabalhadores que estavam na orla do cais – ponto de saída dos ônibus – fossem ao trabalho nesta terça, veículos da Tropa de Choque escoltaram os ônibus do Consórcio Cosntrutor Belo Monte (CCBM) até os canteiros de obras. Segundo as lideranças da greve, o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Pará (Sintrapav), Weubio César, confirmou a informação.

Contudo, disse a eles que a escolta não era para garantir que fossem ao trabalho, mas sim para protegê-los de movimentos, como o Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que estaria “aproveitando o embalo da greve”. Outros trabalhadores disseram que havia policiais dentro dos ônibus, informação que não pode ser confirmada.

Depredação e barricadas
“A gente ficou impressionado com as notícias que saíram na televisão e na internet”, relata o apontador Fábio de Souza. Segundo ele, um jornal local teria colocado no ar uma reportagem com um diretor de uma das empresas de ônibus que presta serviços para o CCBM, acusando os próprios trabalhadores de terem depredado os ônibus. “A gente tá reivindicando melhorias nos transportes, e a matéria fala que nós mesmos é que depredamos? Isso é absurdo”.

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