Por Ruy Sposati*
A greve dos operários dos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica
Belo Monte continua pelo sexto dia. Segundo a comissão da greve, a maioria dos
trabalhadores permaneceu de braços cruzados nesta terça, 3.
“Calculamos que apenas cerca de 30% dos trabalhadores embarcaram
pras obras hoje”, explica o carpinteiro Francinildo Teixeira Farias, membro da
comissão da greve.
“Conversamos com companheiros que foram para os canteiros, e nos
disseram que estavam bastante vazios. Principalmente o Belo Monte [principal
frente de trabalho]“.
“O sentimento de todos os trabalhadores é de revolta. A maioria é
a favor da greve, ainda mais depois de como trataram
a gente no pagamento“, explica o pedreiro Wanderson
Correa, também da comissão. “Eles estão tentando abafar e acabar com a greve de
qualquer jeito. Nós não pudemos ir para o embarque porque fomos ameaçados de
demissão. No meu caso, colegas de trabalho me disseram que meu nome já está na
lista de demitidos”, afirma. A demissão, contudo, não seria por justa causa –
ou seja, formalmente, não indicaria perseguição por organizar o movimento.
Para garantir que os cerca de 1,5 mil trabalhadores que estavam na
orla do cais – ponto de saída dos ônibus – fossem ao trabalho nesta terça,
veículos da Tropa de Choque escoltaram os ônibus do Consórcio Cosntrutor Belo
Monte (CCBM) até os canteiros de obras. Segundo as lideranças da greve, o
diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Pará (Sintrapav),
Weubio César, confirmou a informação.
Contudo, disse a eles que a escolta não era para garantir que
fossem ao trabalho, mas sim para protegê-los de movimentos, como o Movimento
Xingu Vivo Para Sempre, que estaria “aproveitando o embalo da greve”. Outros
trabalhadores disseram que havia policiais dentro dos ônibus, informação que
não pode ser confirmada.
Depredação e barricadas
“A gente ficou impressionado com as notícias que saíram na televisão e na internet”, relata o apontador Fábio de Souza. Segundo ele, um jornal local teria colocado no ar uma reportagem com um diretor de uma das empresas de ônibus que presta serviços para o CCBM, acusando os próprios trabalhadores de terem depredado os ônibus. “A gente tá reivindicando melhorias nos transportes, e a matéria fala que nós mesmos é que depredamos? Isso é absurdo”.
“A gente ficou impressionado com as notícias que saíram na televisão e na internet”, relata o apontador Fábio de Souza. Segundo ele, um jornal local teria colocado no ar uma reportagem com um diretor de uma das empresas de ônibus que presta serviços para o CCBM, acusando os próprios trabalhadores de terem depredado os ônibus. “A gente tá reivindicando melhorias nos transportes, e a matéria fala que nós mesmos é que depredamos? Isso é absurdo”.