quarta-feira, 25 de abril de 2012

Greve geral de 48 horas agita Bolívia


Jeferson Choma*

A Bolívia assiste a mais uma importante greve geral nos dias 24 e 25 de abril. Convocado pela Central Obrera Boliviana (COB), milhares de operários cruzaram os braços e realizam marchas e protestos pelo país. Neste dia 24, uma marcha em El Alto reuniu operários mineiros, professores, médicos e trabalhadores da saúde. Os manifestantes caminharam até La Paz. Nas cercanias da Plaza Murillo, onde fica o palácio Presidencial, houve confronto com a polícia, que lançou bombas de gás lacrimogêneo, ao passo que os mineiros responderam com seus tradicionais “dinamitaços”.

No último dia 19, uma assembleia ampliada da COB rejeitou a proposta feita pelo governo que estipulou em 7% (o mesmo índice da inflação de 2011) o aumento dos salários. O governo de Evo Morales também propõe um reajuste de 18% no salário mínimo nacional. Hoje o salário mínimo na Bolívia é de US$ 117 dólares e o salário médio de US$ 546, segundo dados oficiais de 2011. A COB pede que o governo considere a cesta familiar básica, que custa US$ 1.192 mensais, igual a dez salários mínimos, segundo os sindicatos.

Em entrevista ao jornal boliviano La Razón, o presidente da COB não poupou criticas ao governo Morales. Juan Carlos Trujillo, afirmou que o presidente “ está se direitizando”, e que a COB não é nem oposição nem oficialismo ante Morales”, e que contestará as más políticas estatais do Movimiento Al Socialismo (MAS)”, partido de Evo.

O Governo se recusa a propor um novo aumento salarial, pois afirma que em seis anos duplicou o salário. Juan Carlos Trujillo diz que a realidade é bem diferente e que há um aumento galopante da inflação. “ Quanto custava o pão no passado? Nós poderíamos comprar dez pães com um Boliviano. Quanto nós compramos hoje? Dois pães. Com essas estatísticas, o governo diz que houve aumento da massa salarial, mas não houve nenhuma mudança, a crise se aprofunda”, respondeu.

Desde o final do ano passado, o governo Morales se vê deparado com um aumento das lutas populares no país. Em um esforço para evitar aconstrução de uma estrada no meio de um parque indígena (Território Indígena Isiboro Seguro - TIPNIS), populações originárias organizaram uma grande luta contra a obra. A reação do governo, em setembro do ano passado, foi lançar uma violenta repressão contra uma marcha indígena.

No começo de abril, o governo se deparou com uma greve dos médicos que denunciaram a calamidade enfrentada pelos hospitais públicos e a falta de políticas de planejamento para melhorar a infra-estrutura hospitalar. Mais uma vez o governo agiu com truculência. O ministro do Trabalho, Daniel Santalla, declarou “ilegal” o protesto dos médicos, ameaçando demitir todos aqueles que se ausentarem de seus postos de trabalho por mais de seis dias. “É uma greve criminosa”, disse. Enquanto os médicos realizavam uma dramática greve de fome, o governo tentava neutralizar o movimento. Os médicos e profissionais da saúde estão em peso na greve geral de 48 horas convocada pela COB.
*Fonte: Da Redação do Opinião Socialista (PSTU)
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