Foi lançado neste 16 de
abril o Atlas do Trabalho Escravo no Brasil pela ONG Amigos da Terra – Amazônia
Brasileira. A publicação estuda a ocorrência do fenômeno em setores da economia
e municípios de todo o país. Atividades relacionadas com pecuária ou carvão
vegetal, em certas regiões da Amazônia, estão entre os exemplos de risco muito
alto de existência de trabalho escravo.
Realizado
pelos geógrafos da USP Hervé Théry, Neli Aparecida de Mello, Julio Hato e
Eduardo Paulon Girardi, com apoio da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), o Atlas foi desenvolvido com uma metodologia inédita que caracteriza a
distribuição, os fluxos, as modalidades e os usos do trabalho escravo no país,
nas escalas municipal, estadual e regional, utilizando fontes oficiais e
consolidadas.
Os
dois novos produtos que o Atlas oferece para a sociedade brasileira são o
Índice de Probabilidade de Trabalho Escravo e o Índice de Vulnerabilidade ao
Aliciamento. No primeiro caso, trata-se de uma ferramenta inovadora e essencial
para gestores de políticas públicas e agentes do setor privado, que pode
contribuir expressivamente em ações de planejamento.
“Em
razão do Índice de Probabilidade estar disponível em escala municipal, as
instituições financeiras poderão incorporar uma maior precisão nos
procedimentos de avaliações de risco”, esclarece Oriana Rey, Assessora do
Programa Eco-Finanças da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
O
Índice de Vulnerabilidade ao Aliciamento, por sua vez, é uma ferramenta a ser
aplicada principalmente por gestores de políticas públicas e sociais, uma vez
que aponta para as regiões de origem do escravo.
Por
meio da aplicação de metodologia, o Atlas também oferece um perfil típico do
escravo brasileiro do século XXI ao decrevê-lo como um migrante maranhense, do
Norte do Tocantins ou oeste do Piauí, de sexo masculino, analfabeto funcional,
que foi levado para as fronteiras móveis da Amazônia, em municípios de criação
recente, onde é utilizado principalmente em atividades vinculadas ao
desmatamento.
“A
ferramenta desenvolvida criou uma metodologia extremamente útil para a
sociedade civil”, afirma Hervé Thery, co-autor do Atlas.
Veja o documento na íntegra: Atlas do
Trabalho Escravo