Por Ruy Sposati*
Um
trabalhador da Usina Hidrelétrica Belo Monte foi preso na manhã desta
segunda-feira, 2, durante repressão da Polícia Militar (PM) a grevistas
que pararam as obras da usina desde a semana passada. Ele permaneceu
algemado numa picape da PM, pela manhã. Durante repressão, foram usadas bombas
de gás e spray de pimenta. Um helicóptero- alugado pela Norte Energia para uso
da Polícia e da Defesa Civil locais – sobrevoava o local, com fuzis apontados
para os operários. Ao menos doze trabalhadores estão ameaçados de demissão por
conta das movimentações dos últimos cinco dias.
Em função
da greve, que ja dura
cinco dias, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pela obra,
adiantou o pagamento dos salários, previsto para quinta-feira, dia 5, para
hoje. Os cerca de 7 mil trabalhadores tem recebido o salário, em dinheiro vivo,
em uma danceteria da cidade de Altamira.
"Tratam a gente feito gado", diz um trabalhador" |
A
imprensa foi expulsa do local. Contudo, durante a confusão, foi possível furar
o bloqueio e registrar algumas cenas.
Uma
comissão da Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas) veio a Altamira
para auxiliar a greve dos trabalhadores, e propor que eles denunciassem suas
condições de trabalho em uma reunião marcada para esta terça, 3, entre
governo federal, empresas construtoras e sindicatos da categoria, em Brasília.
A paralisação começou na
última quarta-feira, 28 de abril, em um dos canteiros da obra. No mesmo dia, um
acidente de trabalhador levou um operador de motosserra à morte em outro
canteiro. No dia seguinte, a greve atingiu os demais canteiros.
Trabalhador é algemado e levado por policiais |
As
reivindicações são equiparação salarial, redução do intervalo da baixada
(visita à família, quando são de outras regiões) de seis para três meses,
melhores na comida e água, o fim do desvio de função, baixada para ajudantes de
produção (cargo mais baixo na hierarquia da obra), capacitação para
funcionários, plano de saúde, aumento do cartão alimentação (hoje, em cerca de
90 reais), aumento de salário, pagamento de horas extras aos sábados,
transporte digno, a “troca” do sindicato representativo e o direito à baixada
para os trabalhadores que decidirem, por conta própria, morar fora dos
canteiros de obras.
Segundo o
comando da greve, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada
(Sintrapav) abriu diálogo com a empresa, sem a participação dos trabalhadores,
propondo que suspendessem a greve e dessem novo prazo à empresa para que
respondesse às reivindicações.
Carro da Polícia Civil, com logotipo da Norte Energia, carregando policiais da Rotam, Cavalaria, Polícia Militar e homens sem farda |
Fonte:
Xingu Vivo – Fotografias: Ruy Sposati