Mobilização foi convocada pelas onze principais centrais sindicais
do país, paralisando bancos, transportes e amplas áreas. Pode ter sido a maior
greve geral já registada na história.
Tomi Mori*
A greve geral realizada na Índia esta
terça-feira pode ter sido a maior greve geral já registada na história do
capitalismo. Como sempre, a imprensa tenta minimizar a participação e as
consequências, mas as primeiras informações já nos permitem ter uma ideia da
força da mobilização.
A greve geral foi convocada pelas onze principais centrais sindicais do país, paralisando bancos, transportes e amplas áreas, em particular os estados de Kerala, West Bengal, Andhra Pradesh e Tripura.
A população da Índia, de 1.200 milhões, tem todos os motivos para desenvolver uma greve dessa envergadura, já que, mesmo após a vitória na luta anti-colonial derrotando o império britânico, a independência do país não conseguiu tirar a maioria da população da miséria em que vive. Mesmo o reacionário governo de Manmohan Singh é obrigado a reconhecer que é uma vergonha nacional a existência de nada menos que 60 milhões de crianças subnutridas.
Os trabalhadores lutam pela melhoria das suas condições de vida. Levantam reivindicações como a elevação do salário mínimo para 20 mil rupias, pelo direito ao trabalho, pela efetivação dos 50 milhões de trabalhadores temporários
Segundo sindicalistas, o centro financeiro do pais, Mumbai, foi completamente paralisado e até os taxistas aderiram à greve. Ninguém sabe ainda quantos milhões aderiram à greve, mas, para se ter uma ideia, basta lembrar que na greve geral de 2010 foram 100 milhões. E que nas últimas duas décadas, esta é a 14ªa greve geral.
Crise no meio de uma guerra civil e do ascenso operário
A greve geral é, nos factos, a comprovação da existência de uma crise revolucionária no momento em que ela se desenvolve. Cria uma situação de dualidade de poderes onde o governo não governa, os políticos não podem fazer politicagem e as armas do aparelho repressivo do estado, mesmo sendo utilizadas, não conseguem reprimir a rebelião momentânea. Enquanto dura, são os 99% que impõem a sua vontade, demonstrando a impotência dos 1% de capitalistas.
A greve geral deste dia 28 ocorre num pais que vive uma guerra civil escamoteada, onde a guerrilha maoísta domina amplas áreas do pais e os confrontos armados são constantes. Um país com milhares de etnias em franca rebelião com o que chamam de “centro”, o governo, como é o caso de Caxemira, região onde os protestos são permanentes.
A população da Índia está cansada da visceral corrupção do país, encarnada no governo de Manmohan Singh. Mesmo que a imprensa mundial diga que a economia indiana cresce, no quotidiano o que se vive é um processo inflacionário que deteriora as condições de vida de uma população paupérrima
Nesse sentido, a greve geral não é apenas um poderoso movimento por melhorias nas condições de vida, mas também um violento soco no estômago do governo.
O recente desenvolvimento de setores econômicos criou também o mais jovem proletariado do planeta. Uma força composta de jovens, que não estão amordaçados pelas burocracias que infestam os sindicatos. Um proletariado que, a exemplo do chinês, se constituiu num dos mais poderosos do globo e que ensaia os seus primeiros passos. A Índia é, hoje, o país mais jovem da terra.
A greve geral abriu, certamente, um novo período da luta dos trabalhadores indianos. No momento em que se vive um poderoso ascenso do movimento operário mundial, com as revoluções do mundo árabe, a mobilização que se desenvolve na China e com a resistência dos trabalhadores europeus e americanos, não será novidade se o jovem proletariado indiano se levantar para derrubar o governo de Singh. Avançando, assim, naquela que, junto com a chinesa, promete ser uma das mais significativas revoluções da história moderna. Definitivamente, devido ao lugar que a China e a Índia passaram a ocupar na atual divisão mundial do trabalho, as revoluções que estão em marcha nesses dois países provocarão as mudanças mais radicais na história deste século.
Resta lembrar também que a revolução, em marcha na Índia, ocorre num país onde, na prática, o aparelho de estado e, comparativamente fraco, não dispondo de tantos recursos para controlar e reprimir com mão de ferro todas as rebeliões no pais. O melhor exemplo disso é que, em apenas alguns anos, a guerrilha maoísta passou a ser o governo, na pratica, de vastas áreas do país.
*Fonte: EsquerdaNet
A greve geral foi convocada pelas onze principais centrais sindicais do país, paralisando bancos, transportes e amplas áreas, em particular os estados de Kerala, West Bengal, Andhra Pradesh e Tripura.
A população da Índia, de 1.200 milhões, tem todos os motivos para desenvolver uma greve dessa envergadura, já que, mesmo após a vitória na luta anti-colonial derrotando o império britânico, a independência do país não conseguiu tirar a maioria da população da miséria em que vive. Mesmo o reacionário governo de Manmohan Singh é obrigado a reconhecer que é uma vergonha nacional a existência de nada menos que 60 milhões de crianças subnutridas.
Os trabalhadores lutam pela melhoria das suas condições de vida. Levantam reivindicações como a elevação do salário mínimo para 20 mil rupias, pelo direito ao trabalho, pela efetivação dos 50 milhões de trabalhadores temporários
Segundo sindicalistas, o centro financeiro do pais, Mumbai, foi completamente paralisado e até os taxistas aderiram à greve. Ninguém sabe ainda quantos milhões aderiram à greve, mas, para se ter uma ideia, basta lembrar que na greve geral de 2010 foram 100 milhões. E que nas últimas duas décadas, esta é a 14ªa greve geral.
Crise no meio de uma guerra civil e do ascenso operário
A greve geral é, nos factos, a comprovação da existência de uma crise revolucionária no momento em que ela se desenvolve. Cria uma situação de dualidade de poderes onde o governo não governa, os políticos não podem fazer politicagem e as armas do aparelho repressivo do estado, mesmo sendo utilizadas, não conseguem reprimir a rebelião momentânea. Enquanto dura, são os 99% que impõem a sua vontade, demonstrando a impotência dos 1% de capitalistas.
A greve geral deste dia 28 ocorre num pais que vive uma guerra civil escamoteada, onde a guerrilha maoísta domina amplas áreas do pais e os confrontos armados são constantes. Um país com milhares de etnias em franca rebelião com o que chamam de “centro”, o governo, como é o caso de Caxemira, região onde os protestos são permanentes.
A população da Índia está cansada da visceral corrupção do país, encarnada no governo de Manmohan Singh. Mesmo que a imprensa mundial diga que a economia indiana cresce, no quotidiano o que se vive é um processo inflacionário que deteriora as condições de vida de uma população paupérrima
Nesse sentido, a greve geral não é apenas um poderoso movimento por melhorias nas condições de vida, mas também um violento soco no estômago do governo.
O recente desenvolvimento de setores econômicos criou também o mais jovem proletariado do planeta. Uma força composta de jovens, que não estão amordaçados pelas burocracias que infestam os sindicatos. Um proletariado que, a exemplo do chinês, se constituiu num dos mais poderosos do globo e que ensaia os seus primeiros passos. A Índia é, hoje, o país mais jovem da terra.
A greve geral abriu, certamente, um novo período da luta dos trabalhadores indianos. No momento em que se vive um poderoso ascenso do movimento operário mundial, com as revoluções do mundo árabe, a mobilização que se desenvolve na China e com a resistência dos trabalhadores europeus e americanos, não será novidade se o jovem proletariado indiano se levantar para derrubar o governo de Singh. Avançando, assim, naquela que, junto com a chinesa, promete ser uma das mais significativas revoluções da história moderna. Definitivamente, devido ao lugar que a China e a Índia passaram a ocupar na atual divisão mundial do trabalho, as revoluções que estão em marcha nesses dois países provocarão as mudanças mais radicais na história deste século.
Resta lembrar também que a revolução, em marcha na Índia, ocorre num país onde, na prática, o aparelho de estado e, comparativamente fraco, não dispondo de tantos recursos para controlar e reprimir com mão de ferro todas as rebeliões no pais. O melhor exemplo disso é que, em apenas alguns anos, a guerrilha maoísta passou a ser o governo, na pratica, de vastas áreas do país.
*Fonte: EsquerdaNet