O agricultor Sebastião Pereira, marido de Maria das Graças
Militão, proprietária de dois lotes de terra que hoje pertencem à Norte
Energia, localizados onde agora se constrói o canteiro de obras do Sítio
Pimental da Usina Hidrelétrica Belo Monte, foi expropriado, não recebeu
indenização, foi ameaçado de morte e está desaparecido desde segunda-feira, dia
27 de fevereiro.
Segundo relato de um
funcionário da empresa à família de Sebastião, o agricultor teria dito aos
guardas que ele entraria de qualquer jeito, e que enquanto não o pagassem, ele
não deixaria a terra e continuaria trabalhando lá: “Vocês só derrubam o meu cacau
se me matarem primeiro”. “Então é isso o que vai acontecer com você. Você vai
morrer”, teria sido a resposta dos guardas. No impasse, Sebastião entrou pela
mata, abrindo uma picada com o facão. Desde então, não foi mais visto.
Duas filhas do
agricultor, de 14 e 16
anos de idade, estiveram na quinta-feira, 1, no sítio, a procura do pai. Não o
encontraram. Andaram cerca de oito quilômetros, aos gritos. Mergulharam as
pernas nos igapós, cruzaram mata fechada e estradas abertas para a barragem. A
única coisa com a qual se depararam foi toda a plantação de cacau da família
destruída.