A nova greve que atinge em
cheio os canteiros de obras da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, é também uma fragorosa
derrota da política de conciliação feita pelo governo federal, empresas e
centrais sindicais desde o fim da rebelião no mesmo local no ano passado. O grupo tripartite fechou acordos sem qualquer legitimidade entre os trabalhadores da obra.
No início do mês de março,
um pacto foi articulado pela Secretaria-Geral da Presidência, que o
lançou em um grande evento no Palácio do Planalto, com a adesão de nove grandes
empreiteiras, entre elas, a Camargo Corrêa, que se comprometeu a seguir as
diretrizes nas obras de Jirau. Estavam lá presentes também a CUT e a Força
Sindical.
Os acordos que previam
melhores condições de trabalho, foi saudado pela presidente Dilma Rousseff. Durante
a solenidade, a presidente Dilma Rousseff destacou que as três partes que
negociaram o pacto superaram diferenças para organizar um setor que “sempre foi
mais desprotegido no Brasil”. Segundo Dilma, “esse não é um acordo feito sem
que haja diferenças de pontos de vista, mas é um acordo que supera essas
diferenças, que modifica a realidade, porque busca construir um consenso a
partir desse conflito”.
Segundo o ministro da
Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, a garantia de representação sindical foi
um dos principais avanços. “Esse é o sonho de muitas categorias de
trabalhadores do Brasil e, hoje, a construção civil, nesse processo maduro de
diálogo, conquista”, disse. Segundo ele, cerca de quatro milhões de
trabalhadores serão beneficiados pelo acordo.
A nova greve foi iniciada há
uma semana pelos funcionários da Enesa Engenharia, responsável pela montagem
das turbinas, e recebeu a adesão dos profissionais da construtora, atingindo
mais de 15 mil trabalhadores.
Eles reclamam das más
condições do alojamento, como a superlotação e a falta de espaços de lazer,
além do não pagamento de horas extras e o descumprimento de acordos coletivos
do setor que preveem a promoção de cargo e premiação por superação de metas. O
chamado Compromisso Nacional para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho
na Indústria da Construção aponta ações para aperfeiçoar o processo de
recrutamento, qualificar os trabalhadores e garantir a representação sindical
no canteiro de obras, além de reafirmar o cumprimento da legislação no que se
refere a saúde e condições trabalhistas.
*Com informações do jornal
Valor.