Por Ruy
Sposati*
Os cerca
de cinco mil trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM),
responsável pelas obras da terceira maior hidrelétrica do mundo, entraram em
greve geral nesta quinta, 29. As reivindicações são aumento salarial,
redução dos intervalos entre as baixadas (visita dos trabalhadores a suas
famílias) de 6 pra 3 meses, o não-rebaixamento do pagamento e solução de
problemas com a comida e água. A paralisação começou ontem no canteiro de obras
do Sítio Pimental, após um acidente de trabalho que matou o operador de
motosserra Orlando Rodrigues Lopes, de Altamira, e hoje se estendeu para os
demais canteiros. A saída dos ônibus do perímetro urbano de Altamira para os
canteiros de obra, em Vitória do Xingu, foram bloqueadas.
“A pauta
é a mesma de antigamente: tudo o que está no acordo coletivo. Não cumpriram
nada”, explica um dos trabalhadores. Segundo ele, apesar das greves e pressões
realizadas que no ano passado, que levaram a empresa a assinar o acordo
coletivo, ao invés de melhorar, as condições de trabalho tem piorado.
“No
último pagamento cortaram as horas-transporte, o que diminuiu em até 600 reais
o salário do peão”, explica. A justificativa para a redução é que trabalhadores
estão sendo removidos da cidade para os canteiros, e que por isso não precisarão
do adicional. Por conta disso, ao menos 40 trabalhadores que passaram a residir
nos alojamentos provisórios dentro dos canteiros já teriam se demitido. “Pra
quem vem de fora o salário já não estava bom. Com esses 600 a menos, nem vale a
pena ficar”.
O
trabalhador morto em acidente, que, segundo operários prestava serviços para o
CCBM, era da empresa terceirizada Dandolini e Peper, e estava trabalhando na
derrubada de árvores no canteiro Canais e Diques. “Nós não temos segurança
nenhuma lá. Falta EPI [equipamento de proteção individual], sinalização e
principalmente gente pra fiscalizar”, reclamam os trabalhadores.
Coerção
“A greve ia estourar no começo de março”, relata outro trabalhador. “Foi quando a gente recebeu o salário [no início do mês] que a gente viu que cortaram as horas in itinere”. O pagamento ocorreu numa discoteca local. “Tratam a gente que nem bicho… Ficam 5 mil trabalhadores numa fila enorme, entra de seis em seis [no escritório provisório]. É muito inseguro, eles dão o dinheiro na nossa mão. Conheço três que foram roubados logo que saíram de lá”, explica.
“A greve ia estourar no começo de março”, relata outro trabalhador. “Foi quando a gente recebeu o salário [no início do mês] que a gente viu que cortaram as horas in itinere”. O pagamento ocorreu numa discoteca local. “Tratam a gente que nem bicho… Ficam 5 mil trabalhadores numa fila enorme, entra de seis em seis [no escritório provisório]. É muito inseguro, eles dão o dinheiro na nossa mão. Conheço três que foram roubados logo que saíram de lá”, explica.
No dia 3
de março, um trabalhador teria sido demitido por ter tentado, sozinho,
paralisar o canteiro Belo Monte, o maior da obra. Funcionários relataram que
ele foi colocado com violência em um veículo do CCBM e demitido momentos
depois.
Perguntados sobre o sindicato, nenhum trabalhador soube responder onde estavam os dirigentes. “O sindicato não veio, não veio ninguém. Mas vamos continuar a greve até a Norte Energia vir aqui”, concluíram os trabalhadores.
Fonte: Xingu Vivo